Jan e Peter são amigos que dividem um apartamento e fundaram o movimento "The Edukators", que protesta contra a concentração de renda. Os dois invadem casas de membros da alta sociedade, bagunçam móveis e objetos, mas nunca roubam nada nem machucam ninguém. O objetivo é dar uma lição nos ricos. Por não ter dinheiro para morar sozinha, Jule, a namorada de Peter, se muda para o apartamento dos amigos. Os problemas financeiros de Jule começaram porque a jovem sofreu um acidente de carro e, desde então, é obrigada a pagar uma indenização mensal a Hardenberg, um bem sucedido homem de negócios. Enquanto Peter está fazendo uma viagem, Jan e Jule começam a se envolver. Jan revela que é um edukator e Jule propõe uma ação na casa de Hardenberg. Eles esquecem o celular e quando voltam para pegar o telefone, são surpreendidos por Hardenberg, que reconhece Jule. Jan e Jule ligam para pedir ajuda a Peter, que descobre o romance secreto. Os três acabam seqüestrando Hardenberg e a partir daí os jovens radicais se aproximam do rico burguês e se desenrola uma história que mostra um encontro de gerações. Todos começam a questionar seus valores.
Título Original: Die Fetten Jahre Sind Vorbei
Direção: Hans Weingartner
Países produtores: Alemanha, Áustria
Local: Alemanha
Ano: 2004
Duração: 127 minutos
Idioma: Alemão
Cores: Colorido
Som: Dolby Digital
Um comentário:
Duas reflexões permanecem em nossas mentes durante todo o filme: será que "o sonho acabou" ou que "um outro mundo é possível"? Nesse sentido, qual a nova práxis revolucionária dos dias atuais, visto que vivemos em um mundo cada vez mais individualista onde a idéia de uma vida coletiva (base do Comunismo), livre das contradições de uma luta de classes, se faz um pensamento secundário dentre as pessoas? Uma boa piista está em uma cena belíssima deste filme quando dois dos membros dos Edukators estão em cima de um prédio vendo a cidade a noite, "quantas pessoas lá embaixo, neste momento, estão pensando em Revolução?".
O filme é espetacular, uma das melhores produções do novo cinema alemão. O que mais chama atenção não é a história em si (que também é muito boa) e sim o jogo de idéias, o conflito de posições ideológicas, mostrando que a dialética se faz presente não apenas nas contradições da vida diária, mas principalmente no choque com posições identitárias antagônicas.
Se, por um lado, há a sedução do Capitalismo, sedução essa que chegou a modificar o ponto de vista do magnata (na verdade um antigo revolucionário da década de 60), há os três jovens que integram o grupo revolucionário Edukators, imbuídos de idéias que estão, infelizmente, cada vez mais distantes do mundo em que vivemos (após a queda do Socialismo Real no leste europeu).
Possivelmente, é esse resgate de uma ideologia já antiga para os dias atuais é o que torna o filme mais belo, pois resgata uma sociedade em que todos nós desejamos e queremos viver, pois esta possibilita uma maior liberdade das potencialidades humanas em detrimento do outro, diferentemente do individualismo capitalista.
Se poucos pensam em revoluções nos dias de hoje, porque um filme como este é dificilmente classificado como "ruim"? Será que esse conformismo na verdade é uma falta de coragem de colocar os nossos ideais em prática ou uma total falta de conhecimento de como liderar um movimento que modifique o sistema e a sua estrutura social e econômica?
Engana-se quem pensa que o filme é uma visão da esquerda marxista leninista, pois ele traz o ponto de vista tanto dos jovens revolucionários quanto do capitalista seqüestrado.
Tecnicamente, "Edukators" é uma obra de arte, tem uma fotografia e uma trilha sonora maravilhosa, uma atuação fantástica (um filme com poucos personagens e sem efeitos especiais exige uma atuação impecável), isso sem contar a direção de arte.
Filmes como estes realmente despertam os nossos verdadeiros valores e nos fazem lembrar que "todo coração é uma célula revolucionária"; um filme para refletir e agir.
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